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Intoxicações por Agrotóxicos

Os agrotóxicos ou defensivos agrícolas são substâncias que vêm sendo cada vez mais utilizadas na agricultura e na saúde pública, podendo...

Os agrotóxicos ou defensivos agrícolas são substâncias que vêm sendo cada vez mais utilizadas na agricultura e na saúde pública, podendo ou não oferecer perigo para o homem, dependendo da toxicidade, do grau de contaminação e o tempo de exposição durante sua aplicação. Assim, o principal problema está na sua utilização indiscriminada, sem qualquer preocupação com a segurança.

A questão da segurança não deve se restringir aos que manuseiam os agrotóxicos, aplicando-se também aos operários que os fabricam, às pessoas que os transportam e à população que consomem os produtos nos quais foram utilizados. Tais substâncias além de não apresentarem especificidade para determinada praga (eliminam o nocivo e o útil) poluem o ambiente (persistem no solo por vários anos) e, posteriormente, acumulam-se no homem e em animais. 

A contaminação humana por agrotóxicos se dá por via direta (operários das indústrias de síntese, manipuladores e aplicadores) e por via indireta (população exposta). Os principais agentes de intoxicação entre os praguicidas são os inseticidas usados na agricultura, em ambientes domésticos e públicos, classificados em três grandes grupos: os organoclorados, os inibidores da colinesterase (organofosforados e carbamatos) e as piretrinas naturais e sintéticas. 

A exposição a organofosforados é um problema que pode atingir boa parte da sociedade, desde os grupos mais expostos (operários, formuladores, aplicadores na agricultura ou no controle de vetores), até a população em geral, pelo uso doméstico destes produtos, pelo uso inadequado, pela proximidade a campos de cultura ou pelo consumo de alimentos contaminados. Logo, precauções devem ser tomadas para prevenir não somente quadros de intoxicação aguda, mas também controlar a absorção de repetidas doses por longo tempo.

Sua principal ação farmacológica é a inibição da enzima acetilcolinesterase com conseqüente acúmulo de acetilcolina nas terminações nervosas. Na intoxicação, os efeitos manifestados inicialmente são muscarínicos: miose, sudorese, aumento das secreções brônquicas, salivação, lacrimejamento, vômitos, náuseas e diarréia, bradicardia e dores abdominais. Em seguida, os nicotínicos, quando diminui a severidade dos anteriores, manifestados por: tremores e câimbras, hipertensão arterial, fasciculação muscular e flacidez, eventualmente morte por parada respiratória ou edema pulmonar. 

Dentre os efeitos a longo prazo na exposição a estes compostos, o de maior ocorrência é o aparecimento de neuropatia periférica tardia, além de cefaléia, fraqueza, alteração de memória e de sono, anorexia, fadiga fácil, tremores, nistagmo.

O tratamento geral consiste na manutenção das funções vitais, seguida pela descontaminação com lavagem gástrica, até 6 a 8 horas após a ocorrência, até retorno límpido, caso haja ingestão, (retirar roupas e lavar as áreas atingidas, se exposição dérmica e respiratória) administrar carvão ativado 1grama por quilo de peso (máximo 50g), além de catártico. 

Especificamente, é utilizada a atropina que apresenta ação anticolinérgica e antimuscarínica e atua como tratamento sintomático, somente deve ser administrado nos quadros onde os sintomas muscarínicos são bem evidentes. Os exames laboratoriais complementares são a dosagem de atividade das colinesterases e a cromatografia em camada delgada (CCD), muito utilizado em toxicologia por ser um método físico-químicode separação de compostos e identificação através de comparação com padrões. A amostra pode ser conteúdo gástrico ou 1 ml de sangue com anticoagulante, o objetivo é confirmar a presença do agente tóxico. 

Os piretróides quando ingeridos causam irritação e dor epigástrica, náuseas, vômitos, sonolência, fadiga, fraqueza, parestesia, visão turva, sudorese, dor torácica, pneumonites, fasciculações musculares, convulsões. Quando inalados ocasionam coriza, congestão nasal, irritação da orofaringe, reações de hipersensibilidade e no contato com a pele, queimação, prurido, hipersensibilidade e efeitos sistêmicos. O tratamento engloba as medidas de ordem geral: manutenção das funções vitais, medidas de descontaminação, se ingestão, proceder a lavagem gástrica, carvão ativado e catárticos; se derramamento nos olhos, deve ser realizada lavagem ocular cuidadosamente, se contato dérmico: lavagem corporal. 


A autora é bolsista de Iniciação Científica do Programa PIBIC/CNPq/PRP - UNICAMP
Orientadora: Profa. Dra. Maria Helena Baena de Moraes Lopes