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Classificação dos Incêndios Florestais

Pode ser abordada sob uma miríade de perspectivas, cada uma revelando uma nova camada de complexidade e nuance no entendimento desses fe...

Pode ser abordada sob uma miríade de perspectivas, cada uma revelando uma nova camada de complexidade e nuance no entendimento desses fenômenos devastadores. Quando se considera a tipologia dos incêndios florestais, é crucial reconhecer que não há uma única metodologia universalmente aceita para essa categorização, o que resulta em uma proliferação de classes e subcategorias, cada uma enfatizando diferentes características e fatores determinantes. 

Primeiramente, a classificação pode ser feita com base na causa de ignição, distinguindo entre incêndios naturais, como aqueles provocados por raios, e os de origem antropogênica, que incluem atividades negligentes ou intencionais humanas. Além disso, a intensidade e o comportamento do fogo constituem outra dimensão significativa de análise. Incêndios de superfície, por exemplo, queimam a vegetação rasteira e a matéria orgânica acumulada no solo, enquanto os incêndios de copa envolvem a combustão das partes superiores das árvores, propagando-se de uma copa para outra e geralmente apresentando maior dificuldade de controle.

Outra perspectiva fundamental é a classificação baseada nas condições meteorológicas prevalentes, como a velocidade do vento, umidade relativa do ar e temperatura, que influenciam diretamente o comportamento do incêndio. Adicionalmente, a topografia do terreno onde o incêndio ocorre, incluindo inclinações e aspectos, pode ser um critério determinante, dado que terrenos inclinados frequentemente facilitam a propagação do fogo devido ao efeito de convecção que intensifica o avanço das chamas montanha acima.

Do ponto de vista ecológico, os incêndios florestais podem ser categorizados de acordo com os ecossistemas afetados, reconhecendo a distinta vulnerabilidade e resiliência de diferentes biomas, como florestas tropicais, savanas e regiões boreais. Ademais, o impacto socioeconômico também fornece uma lente através da qual os incêndios podem ser classificados, levando em conta fatores como a proximidade de áreas urbanas, os danos à infraestrutura e as implicações para a saúde pública e a economia local.

A classificação dos incêndios florestais não é uma tarefa simples, e qualquer tentativa de sistematização deve considerar a diversidade de aspectos mencionados. Esta multiplicidade de abordagens reflete a complexidade inerente dos incêndios florestais e sublinha a necessidade de uma análise multidimensional para a efetiva compreensão e gerenciamento desses eventos catastróficos.

Classificação quanto à Proporção
1) incêndio pequeno - é um princípio de incêndio onde um único homem tem condições de extingui-lo;
2) incêndio médio - é aquele onde necessitamos de uma guarnição de combate a incêndio florestal para extingui-lo;
3) incêndio grande - é aquele onde uma só guarnição não tem condições de extingui-lo, necessitando para isso, de apoio de efetivo e de veículos, tratores, máquinas, podendo inclusive utilizar aviões adaptados para esse fim.

Classificação quanto ao Tipo
É a classificação baseada no desenvolvimento do fogo e pode ser de quatro tipos:

Incêndios Subterrâneos
Este tipo de incêndio propaga-se através das camadas de húmus ou turfa existente sobre o solo mineral e abaixo do piso da floresta. Este combustíveis são de textura fina, relativamente compactados e isolados da atmosfera. Os incêndios subterrâneos ocorrem geralmente em florestas que apresentam grande acumulação de húmus e em áreas alagadiças, tais como brejos ou pântanos, que quando secas formam espessas camadas de turfa abaixo da superfície. 

Incêndio de solo ou incêndio subterrâneo

Normalmente os incêndios subterrâneos são precedidos por incêndios superficiais. Devido ao pouco oxigênio disponível na zona de combustão, nos incêndios subterrâneos o fogo  se propaga lentamente, sem chamas e com pouca fumaça. Por esta razão são difíceis de serem detectados e combatidos. A intensidade de calor e o poder de destruição  desses incêndios são bastante altos. Além de causarem a morte das raízes e consequentemente , das árvores, podem danificar seriamente a microbiologia e a fertilidade do solo, favorecendo também a ocorrência de erosão. Dos três tipos de incêndios florestais este é o menos comum e no Brasil ocorrem com mais frequência  em áreas de cerrado. 

Incêndios Superficiais
Se propagam  na superfície do piso da floresta, queimando desta forma, os restos vegetais não decompostos, tais como folhas e galhos caídos, gramíneas, arbustos, enfim, todo material combustível até cerca de 1,80 metros de altura. Esses materiais, principalmente durante períodos de seca, são bastante inflamáveis e por isso os incêndios superficiais apresentam propagação relativamente rápida, abundância de chamas e muito calor. Entretanto, comparados com os outros tipos, os incêndios superficiais não são muito difíceis de se combater a não ser em condições extremamente favoráveis à propagação dos mesmos. 

Incêndio superficial ou incêndio rasteiro

Os incêndios superficiais são os mais comuns  entre os tipos de incêndio e geralmente é a forma pela qual começam todos os incêndios. Havendo condições favoráveis, como tipo de vegetação, material combustível e condições atmosféricas, os incêndios superficiais podem dar origem tanto a incêndios subterrâneos como de copa, quer as condições favoreçam a um ou outro tipo. Um incêndio superficial pode, e muitas vezes ocorre, queimar árvores inteiras, quando o fogo sobe pelo tronco até as copas. Entretanto, se isto ocorre esporadicamente, através da propagação vertical do fogo, o incêndio permanece na categoria de superficial. 

Em condições normais, plantações de Eucalyptus. geralmente desenvolvem incêndios superficiais devido as características do material combustível, do sub-bosque e das próprias árvores, que dificultam a subida do fogo até as copas. Isto não significa que as copas não possam se queimar. Um fogo intenso poderá secá-las através do calor irradiado e num segundo estágio queimá-las totalmente, inclusive através de um incêndio de copa. Em condições normais, no entanto pode-se se citar os incêndios que se desenvolvem  em plantações de eucalipto como exemplos de incêndios superficiais.

Incêndios de Copa
Caracterizam-se pela propagação do fogo através das copas das árvores, independentemente do fogo  superficial.  Geralmente considera-se incêndios de copa aqueles que ocorrem em combustíveis acima de 1,80 m de altura. Com exceção de casos excepcionais, como alguns incêndios causados por raios, todos os incêndios de copa originam-se de incêndios superficiais. 

As condições fundamentais para que ocorram incêndios de copa são folhagem inflamável e presença de fogo para transportar o incêndio de copa em copa. Portanto, esse tipo de incêndio desenvolve-se principalmente em povoamentos de coníferas, embora existam também algumas espécies latifoliadas com folhagem inflamável e por esta razão também sujeitas a incêndios de copa. Nos incêndios de copa a folhagem das árvores é totalmente consumida pelo fogo, ocasionando altas taxas de mortalidade na floresta. 

Incêndio de copa e aéreo

Este tipo de incêndio propaga-se rapidamente, liberando grande quantidade de calor e tornando o combate extremamente difícil, já que enquanto esta se propagando pelas copas, o fogo é praticamente incontrolável. Os incêndios de copa estão sempre associados, ou são seguidos, por incêndios superficiais, pois o material aceso que cai das copas fatalmente irá queimar o material combustível do piso da floresta.  Em povoamentos de Pinus spp. e Araucaria angustifolia, espécies com copa altamente inflamável, existindo condições  favoráveis, principalmente idade da floresta, densidade e vento, geralmente se desenvolvem incêndios de copa.

Incêndio Total
É caracterizado pela sua abrangência devastadora, manifestando-se simultaneamente em todas as três principais categorias de incêndios florestais: incêndio de solo e subterrâneo, incêndio superficial e incêndio de copa. Esse tipo de incêndio, também conhecido como incêndio generalizado, representa o estágio mais extremo de um evento de fogo na vegetação, onde a intensidade e a extensão das chamas resultam em um fenômeno complexo e de difícil controle.

Incêndio Total

Quando essas três formas de incêndio ocorrem simultaneamente, o resultado é um incêndio total, que desafia todas as estratégias convencionais de combate ao fogo. A combinação dos diferentes tipos de combustíveis, velocidades de propagação e intensidades de calor torna o incêndio total uma verdadeira força da natureza, exigindo uma resposta coordenada e multifacetada dos serviços de emergência e combate a incêndios.

Assim, o incêndio total não é apenas uma convergência de três tipos distintos de incêndio, mas uma sinfonia destrutiva que amplifica os desafios enfrentados pelos bombeiros e gestores de recursos naturais. Este tipo de incêndio representa o auge da complexidade e perigo no manejo de incêndios florestais, exigindo tecnologias avançadas, planejamento estratégico e uma compreensão profunda dos comportamentos do fogo para ser efetivamente combatido e mitigado.

Os quatro tipos de incêndio podem ocorrer isoladamente, mas também podem vir combinados entre si.