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Operações em Galerias Subterrâneas

Iniciaremos uma análise detalhada das operações realizadas em galerias subterrâneas, reconhecendo a diversidade intrínseca dos espaços c...

Iniciaremos uma análise detalhada das operações realizadas em galerias subterrâneas, reconhecendo a diversidade intrínseca dos espaços confinados, que abrangem uma ampla gama de ambientes distintos. Estes incluem, entre outros, poços, valas, reservatórios, silos, túneis, e câmaras subterrâneas. A complexidade dessas áreas exige uma abordagem meticulosa e criteriosa para assegurar a eficácia das operações. A especificidade de cada tipo de espaço confinado impõe desafios únicos, que demandam técnicas e equipamentos especializados para a realização segura das atividades. 

A compreensão das características peculiares de cada ambiente é fundamental para o planejamento e execução de medidas de segurança apropriadas, mitigando riscos e garantindo a integridade física dos profissionais envolvidos. Assim, nosso estudo se aprofundará nas metodologias empregadas, nas normas de segurança aplicáveis e nas tecnologias inovadoras que visam otimizar as práticas operacionais em contextos de trabalho em galerias subterrâneas e outros espaços confinados.

EPI Necessário
Para entrarmos em uma galeria, deveremos utilizar capacete, bota, luvas, EPR completo com cilindro autônomo ou linha de ar; mas, quando for nesse caso, deverá também ser utilizado um cilindro de fuga com autonomia mínima de 5 minutos. Deverá ser observado o tipo de galeria, ou seja, de águas pluviais, esgoto, rede elétrica etc; devendo-se então adequar o EPI conforme a galeria, no caso de presença de água, deverá ser utilizado roupa seca, botas do tipo “ligth”, roupas para águas poluídas, assim como nos casos de incêndios em galerias, deverão também ser utilizadas capa de incêndio, luvas adequadas, além de capacete e botas.

Segurança do Bombeiro ou da Guarnição 
Deverá haver uma equipe de apoio do lado de fora da galeria com comunicação constante, entrar no mínimo em dois bombeiros, ancorado um ao outro a uma distância de no máximo 5 metros; deverá haver no mínimo dois bombeiros prontos para entrar na galeria para ajudar os outros que estiverem no interior caso necessitem; deverão utilizar lanternas intrinsecamente seguras, um bastão (“bengala de cego”) para verificar a estabilidade do solo, utilizar detectores de gás, explosímetro, cabo guia, nos casos em que houver perigo de se perder, devendo o cabo guia ser utilizado quando o bombeiro for entrar e sair pelo mesmo local; usar o EPI adequado de acordo com o tipo de galeria e ocorrência, atentar para os perigos de contaminação após sair da galeria. 

Em locais em que o bombeiro deva descer mais de 6 metros, o ideal é que se utilize um tripé de salvamento, todos os pontos de fuga possíveis deverão ser abertos antes da entrada dos bombeiros, o ideal é que não se percorra mais de 50 metros sem um ponto de fuga.

Segurança da Vítima
Quando a vítima for localizada, utilizar uma máscara(carona) de ar com pressão positiva, verificar se o local permite efetuar a análise primária e secundária, ou se deverá ser feita a retirada rápida, deverão ser acionadas as viaturas de suporte básico e avançado(UR e USA) além das outras, atentar para os possíveis perigos existentes, como águas poluídas, fogo, locais alagados, vítima aprisionada, devendo o bombeiro trabalhar com técnica e segurança.

Segurança do Local
Na parte externa da galeria, todas as viaturas e aberturas deverão estar sinalizadas; deverá ser verificada a previsão meteorológica. O monitoramento atmosférico no interior da galeria deverá ser feito durante toda a operação e em diversos níveis, pois os gases se concentram de acordo com a sua densidade; deverá ser feito um mapeamento do local, efetuar ventilação sempre que possível, após as operações todas as aberturas deverão ser fechadas.

As operações em galerias são atividades consideradas perigosas, pois por sua natureza expõem o homem a um trabalho de risco acentuado em que os bombeiros estão em contato constantemente.

Um espaço confinado é qualquer área não projetada para ocupação contínua de pessoas, a qual tem meios limitados de entrada e saída e na qual a ventilação existente é insuficiente para remover contaminantes perigosos e/ou deficiências ou enriquecimento de oxigênio que possam existir ou se desenvolver (NBR 14787).
O espaço confinado também pode possuir uma condição atmosférica que possa oferecer riscos ao local e expor os trabalhadores ao perigo de morte, incapacitação, restrição da habilidade para auto-resgate, lesão ou doença aguda que pode ser causada por concentração de oxigênio abaixo de 19,5% ou acima de 22%, ou haver uma concentração de qualquer substância, exposto o trabalhador acima do limite de tolerância (NBR 14287).

As Galerias subterrâneas são canais, tubulações ou corredores, com diâmetro e extensões variáveis, de formatos circulares ou quadrados, unidos uns aos outros em forma de malha e utilizados para diversos fins, tais como para escoamento de águas pluviais, redes de esgoto, passagem de cabos elétricos, cabos telefônicos, etc; sendo que as galerias utilizadas para esses fins são consideradas espaços confinados. Diante do que foi exposto, podemos observar que existe um grande potencial de risco que está diretamente associado a uma atmosfera perigosa, aliada a uma operação de risco, tanto para um bombeiro executando o serviço de salvamento ou extinção de incêndios, como para trabalhadores de Empresas executando serviços de manutenção, como por exemplo: trabalhos de limpezas, trabalhos com soldas ou maçaricos. etc.

Podemos dividir os riscos existentes em:
- Físicos;
- Químicos;
- Biológicos; 
- e Diversos.

Riscos Físicos
• Difícil acesso;
• Dificuldade de locomoção;
• Presença de objetos contundentes, cortantes e/ou perfurantes;
• Iluminação deficiente;
• Armadilhas de superfície, que são desníveis ou buracos provocados por erosão, que não são visualizadas devido a presença de água;
• Calor intenso;
• Choque elétrico devido a presença de eletricidade ou equipamentos energizados;
• Falta de ventilação;
• Efeito labirinto pelo fato de as galerias serem construídas em forma de malha, podendo haver o risco de se perder etc.

 Riscos Químicos
• Presença de gases tóxicos, naturais ou industrializados;
• Presença de gases inflamáveis;
• Variação da concentração de O2( abaixo de 19,5% ou acima de 22%);
• Presença de fumaça nos casos de incêndios etc.

Podemos citar alguns exemplos de concentrações de gases fora dos limites de tolerância para o homem e seus resultados:

EFEITOS DA DEFICIÊNCIA DE 02 (Limite de Tolerância – 19,5 a 22 %)
- Descoordenação (15 a 19%);
- Respiração difícil (12 a 14%);
- Respiração fraca (10 a 12%);
- Falhas mentais, náuseas e vômitos (8 a 10%);
- Inconsciência – morte após 8 minutos (6 a 8 %);
- Coma em 40 segundos (4 a 6%).

EFEITOS DA CONCENTRAÇÃO DO MONÓXIDO DE CARBONO(CO) (Limite de tolerância – 39 ppm*)
- Acima de 200 ppm: dor de cabeça;
- De 1000 a 2000 ppm: palpitações;
- De 2000 a 2500 ppm: inconsciência;
- Acima de 4000 ppm: morte.

EFEITOS DO GÁS SULFÍDRICO(H2S) (Limite de tolerância – 8,0 ppm)
- De 50 a 100 ppm: irritações;
- De 100 a 200 ppm: problemas respiratórios;
- De 500 a 700 ppm: inconsciência;
- Acima de 700 ppm: morte.

Riscos Biológicos
Doenças transmissíveis através da respiração, ingestão ou absorção, como por exemplo:

- Hepatite;
- Leptospirose;
- Doenças de pele etc.

Riscos Diversos
• Colapso de estrutura;
• Explosão (Backdraft e Flashover);
• Incêndio;
• Inundação;
• Presença de animais e insetos
* ppm – partes por milhão.


FONTE DE REFERÊNCIA
MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE
Direitos Autorais: Corpo de Bombeiros Militar do Estado de São Paulo