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Desabamento (Introdução)

As técnicas de salvamento de vítimas em colapsos estruturais são bastante recentes. Os registros históricos da Segunda Guerra Mundial de...

As técnicas de salvamento de vítimas em colapsos estruturais são bastante recentes. Os registros históricos da Segunda Guerra Mundial demonstram a preocupação dos europeus com o socorro das vítimas dos frequentes bombardeios que assolaram cidades com grande densidade demográfica. A carência de recursos, aliada à falta de planejamento, colaborou para um enorme número de mortes devido à falta de socorro. Todavia, muito do que foi criado durante aquele período permanece atual.

Colapsos estruturais não ocorrem com frequência nas cidades do Estado de São Paulo, porém a intervenção neste tipo de sinistro é bastante complexa e, na maioria das vezes, incorre em perda de vidas.

As edificações podem sofrer colapso por vários motivos. Fenômenos naturais como tremores de terra, enchentes, tempestades são as causas mais comuns, porém, a história recente nos aponta casos de desabamento de edifícios por falha no processo de construção, como é o caso do Edifício Palace II que, em 1998, fez oito vítimas fatais na cidade do Rio de Janeiro e do Edifício Areia Branca, na cidade do Recife, em 14 de outubro de 2004, onde quatro pessoas morreram.
                                                       Edifício Areia Branca na cidade do Recife/PE

Outra causa que não advém de fenômenos naturais e que normalmente envolve um grande número de vítimas, são as explosões. Em 11 de junho de 1996 o Osasco Plaza Shopping, localizado na cidade de Osasco, teve parte de sua estrutura perdida em virtude de uma explosão causada por vazamento de gás. Mais de 40 lojas foram destruídas, 42 pessoas morreram e outras 300 ficaram feridas.

As operações de salvamento em ocorrências desta natureza podem trazer sérios riscos ás vítimas e socorristas em virtude da instabilidade do terreno ou do que restou da edificação. As equipes de bombeiros que trabalham nessas ocorrências têm uma árdua tarefa que é a de executar estratégias e táticas que possibilitem a retirada das vítimas sem, contudo, deixar de lado a segurança das guarnições.

Atualmente, temos, no cenário mundial, países com grande cultura na área, não mais em virtude do risco das bombas dos aviões, mas em virtude de sua situação geográfica. Os países da América Central e Estados Unidos são rotas perenes de furacões de grande proporções. Os conflitos político-religiosos fizeram com que Israel desenvolvesse um trabalho importantíssimo de busca de vítimas de desabamentos e não podemos deixar de citar a Europa sobre a qual paira a sombra do terrorismo e das grandes explosões em centros populosos.

As técnicas de operações de salvamento em ocorrências de desabamentos se desenvolvem com grande rapidez devido à evolução tecnológica que, muito, tem contribuído para a qualidade do atendimento e da segurança dos bombeiros. Novos equipamentos de proteção surgem a cada dia e as ferramentas são cada vez mais precisas e potentes, o que facilita, em muito, os trabalhos de socorro.

O salvamento de vítimas em escombros só ocorrerá de maneira satisfatória caso seja realizado por bombeiros capacitados para a tarefa. Especialistas dão andamento às ações de socorro, operando dentro de uma cronologia e utilizando ferramentas adequadas. Profissionais inexperientes ou despreparados devem ser empregados em funções de apoio, jamais dentro da zona de risco.

Equipamento de Proteção Individual
Ocorrências de desabamento submetem os bombeiros a riscos de naturezas diversas. De forma geral, os riscos mais comuns são as contusões em virtude de impactos durante o deslocamento nos escombros ou do uso do ferramental. Porém, locais com acúmulo de gás, fios elétricos energizados, produtos perigosos podem causar sérios danos à integridade física dos socorristas.

Para que os bombeiros executem suas missões de maneira segura é necessário que portem os seguintes equipamentos:

• Capacete;
• Luvas de couro sobre luvas de látex;                                          
• Botas de cano alto;
• Cinto alemão;
• Fita tubular;
• Dois mosquetões;
• Lanterna de cabeça (capacete) e de mão;
• Óculos de proteção;
• Faca;
• Mascarilhas antipó (boca e nariz);
• Cotoveleiras e joelheiras;
• Protetores auditivos;
• Apito;
• HT.

A Natureza dos Desabamentos
As edificações podem colapsar de duas maneiras diferentes. Pode ocorrer uma explosão ou uma implosão. A diferença básica entre estes dois tipos de colapso reside na direção das forças que são aplicadas nas estruturas. Em uma implosão a edificação cai para dentro de si própria. É uma técnica muito utilizada para demolições, geralmente realizada por profissionais com muito conhecimento técnico.

Com a perda da capacidade das colunas de sustentação as paredes tendem a desabar para o interior. Nas explosões as edificações tendem a ter suas estruturas lançadas para o exterior, em virtude da ação de forças naturais, mecânicas ou químicas.

É importante que os bombeiros conheçam os tipos de colapso para que se possa escolher o método de trabalho que seja o mais seguro às equipes. Em uma zona sinistrada, a importância dos escombros varia com a densidade, a natureza das construções e o uso dessas. Os vãos formados por paredes, pisos e mobiliário se apresentam, em todos os casos, e são eles que possibilitam às equipes, a retirada de pessoas vivas.

Classificam-se os desabamentos em três tipos levando-se em consideração a existência de vãos:

Desabamento em “V”
Ocorre quando o teto da edificação se parte pela metade formando vãos com as paredes do ambiente.

Desabamento Oblíquo
Ocorre quando há ruptura de apenas um dos pontos de sustentação do teto ou piso superior.

Desabamento em Camadas
Ocorre quando o piso superior ou o teto cai de maneira uniforme sobro o piso inferior. É conhecido também com desabamento plano. Há também formas de desabamentos que podemos classificar com mistas por apresentarem características de mais de uma das acima descritas.

Desenvolvimento Cronológico das Operações
Este tipo de catástrofe não se previne e o homem se encontra mal preparado para enfrentar esses eventos, contando somente com os meios comuns que dispõe. A amplitude dos danos pode ser avaliada rapidamente, mas no que concerne a quantificar o numero de vítimas e suas localizações, isto é, muito mais lento. Os bombeiros que atendem a uma ocorrência de desabamento devem adaptar-se a diferentes situações. Para realizar os salvamentos de forma eficaz, as equipes devem trabalhar de maneira ordenada e dentro de uma metodologia.

A estratégia de trabalho deve se desenvolver levando-se em consideração as características do desabamento, os riscos que apresenta e o resultado do reconhecimento. Ela pode ser modificada no transcurso da intervenção em função de novos elementos de apreciação que possam surgir.

Fases do Atendimento
Para efeitos doutrinários podemos dividir as operações de salvamento em ocorrências de desabamento em 05 (cinco) fases, isto não significa que as fases são independentes umas das outras de maneira a dizer que quando termina uma começa outra. As fases se interpõem e há durante o atendimento uma interdependência entre elas.

São elas:
• Reconhecimento do local;
• Zoneamento do local de intervenção;
• Busca e localização;
• Extração de vítimas;
• Sinalização de acesso.

O pleno conhecimento destas fases por parte dos bombeiros que atuam neste tipo de evento é imprescindível para um desenvolvimento rápido dos trabalhos, bem como, da segurança pessoal e coletiva durante a operação.


FONTE DE REFERÊNCIA
MSTE – MANUAL DE SALVAMENTO TERRESTRE
Direitos Autorais: Corpo de Bombeiros Militar do Estado de São Paulo