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Hemorragias

Pacientes traumatizados apresentam frequentemente ferimentos penetrantes (abertos) ou fechados que acompanham o extravasamento de sangue. ...

Pacientes traumatizados apresentam frequentemente ferimentos penetrantes (abertos) ou fechados que acompanham o extravasamento de sangue. A perda contínua de sangue ativa mecanismos de compensação do próprio organismo, na tentativa de proteger o fluxo sanguíneo para órgãos fundamentais como o cérebro e o coração. Quando os mecanismos protetores não conseguem manter uma circulação satisfatória, a perfusão dos órgãos fica comprometida. Este comprometimento pode tornar-se irreversível e a perda da(s) função(ões) do(s) órgão(s) evolui para a morte do organismo. 

O reconhecimento precoce da hemorragia por meio da visualização direta ou da suspeita da hemorragia interna ao avaliar sinais e sintomas, bem como o mecanismo de lesão pode ser uma etapa fundamental para uma conduta pré-hospitalar decisiva na sobrevivência do paciente.

O choque hemorrágico é um exemplo do quadro sindrômico denominado Choque. Outros exemplos são o choque distributivo, cardiogênico, séptico. O reconhecimento do choque hemorrágico pode ser uma etapa tardia e nem sempre o resultado de esforços consideráveis no tratamento dos pacientes chocados será bem sucedida. Portanto, o reconhecimento precoce da hemorragia, assim como um controle do sangramento, aumenta a chance de sobrevida. Não retarde o encaminhamento dos pacientes para um local de tratamento definitivo, pois a evolução para o choque hemorrágico diminui a chance de sobrevida dos pacientes com hemorragias não controladas. 

É importante lembrar que sangramentos gastrointestinais e obstétricos são casos comuns de hemorragia também. Quando se tem uma perda sanguínea, não se está perdendo apenas o volume de sangue, mas também as propriedades que o sangue proporciona. A vítima que apresenta uma hemorragia abundante entra em estado de choque. Hemorragia ou sangramento significa a mesma coisa, isto é, sangue que escapa dos vasos sanguíneos (artérias, veias ou capilares). Podem ser definidas como uma considerável perda do volume sanguíneo circulante. O sangramento pode ser interno ou externo e em ambos os casos são perigosos.

Para melhor compreender o significado de uma perda sanguínea, é importante relembrar as cinco funções do sangue. São elas:

1 - Transporte dos gases - oxigênio e gás carbônico em combinação com a hemoglobina;
2 - Nutrição - transporte de nutrientes através do plasma;
3 - Excreção - de substâncias nocivas ao organismo;
4 - Proteção - através dos glóbulos brancos;
5 - Regulação - distribuição de água e eletrólitos para os tecidos;
6 - Temperatura - controle de temperatura corporal.

Gravidade das Hemorragias
Depende de alguns fatores como: velocidade da saída do sangue; se é arterial ou venoso; origem do sangue; quantidade de sangue perdida; idade, peso e condição física da vítima; se afeta a respiração. Inicialmente, as hemorragias produzem palidez, sudorese, agitação, pele fria, fraqueza, pulso fraco e rápido, baixa pressão arterial, sede, e por fim, se não controladas, estado de choque e morte.

Os Quatro Estágios da Hemorragias

CLASSE I - Como o organismo responde a perda de até 15% do volume de sangue
O corpo compensa a perda de sangue contraindo os vasos sanguíneos (vasoconstrição) em um esforço para manter a pressão arterial e o fornecimento de oxigênio a todos os órgãos do corpo.

Efeito sobre o Paciente
- A vítima continua alerta.
- A pressão arterial permanece dentro dos limites normais.
- O pulso permanece dentro dos limites normais ou aumenta ligeiramente; a qualidade do pulso continua forte.
- A frequência e a profundidade respiratória, a cor da pele e a temperatura continuam normais.
- O adulto médio tem 5 litros de sangue circulante; 15% equivalem a 750 ml (ou cerca de 3 copos). Com sangramento interno, 750 ml ocupam espaço suficiente no membro para causar dor e inchaço. Contudo, se o sangramento for em uma cavidade do corpo, o sangue se espalha por ela, causando pouco ou nenhum desconforto inicial.
- A vasoconstrição continua a manterá pressão arterial adequada, mas com alguma dificuldade.
- O fluxo sanguíneo é desviado para os órgãos vitais, com fluxo diminuído para intestinos, rins e pele.

CLASSE II - Perda de até 25% do volume de sangue
Efeito sobre o paciente
- A vítima pode ficar confusa e inquieta.
- A pele se torna pálida, fria e seca com o desvio de sangue para os órgãos vitais.
- A pressão diastólica pode subir ou descer. É mais provável que suba (em decorrência da vasoconstrição) ou permaneça inalterada em pacientes sadios sem problemas cardiovasculares subjacentes.
- A pressão de pulso (diferença entre as pressões sistólica e diastólica) se estreita.
- As respostas simpáticas também elevam a frequência cardíaca (mais de 100 batimentos por minuto). A qualidade do pulso enfraquece.
- A frequência respiratória aumenta com o estímulo simpático.
- Refil capilar retardado.
- Os mecanismos compensatórios ficam sobrecarregados. A vasoconstrição, por exemplo, não consegue mais conservar a pressão arterial, que começa a cair.
- O débito cardíaco e a perfusão tecidual continuam a diminuir, tornando-se potencialmente fatais, contudo, mesmo nesse estágio, (o paciente ainda pode se recuperar com tratamento imediato).

CLASSE III - Perda de até 30% do volume de sangue
Efeito sobre o paciente
- A vítima fica mais confusa, inquieta e ansiosa.
- Os sinais clássicos de choque aparecem.
- Frequência cardíaca elevada, diminuição da pressão arterial, respiração rápida e/ou membros frios e úmidos.
- A vasoconstrição compensatória agora se torna uma complicação por si só, comprometendo ainda mais a perfusão tecidual e a oxigenação celular.

CLASSE IV - Perda de mais de 30% do volume de sangue
Efeito sobre o paciente
- A vítima fica letárgica, entorpecida ou estuporosa.
- Os sinais de choque tornam-se mais acentuados. A pressão arterial continua a cair.
- A falta de fluxo sanguíneo para o cérebro e outros órgãos vitais finalmente leva à falência múltipla de órgãos e morte

Tipos de Curativos

Curativo Compressivo - recomendado para controlar sangramentos em ferimentos. A compressa de gaze é perfeita como compressivo, pois adapta-se à maioria dos ferimentos. Aplique pressão manual sobre o ferimento, por meio do curativo, até que a hemorragia cesse ou diminua; a pressão contínua é mantida com a aplicação firme de uma atadura sobre a parte lesada.

Curativo Oclusivo - utilizado em ferimentos aspirantes de tórax ou ferimentos abertos no abdômen. Geralmente é feito com papel aluminizado (manta aluminizada) (não é papel alumínio usado na cozinha) ou plástico esterilizado. O papel aluminizado por não ser aderente é o mais recomendado para fazer o curativo. Este material também pode ser utilizado para envolver bebês recém nascidos, pois tem a propriedade de manter o calor corporal.

Materiais Utilizados na Confecção de Curativos

Compressa de Gaze - material usado para cobrir um ferimento, controlar hemorragias e prevenir contaminações adicionais. Gazes são comumente encontrados nas dimensões de 7,5 x 7,5 ou 10 x 15 cm.

Atadura - qualquer material usado para manter as compressas de gaze sobre o ferimento. Geralmente, os socorristas utilizam ataduras de crepe de tamanhos variados (10 a 20 cm de largura). A fixação de curativos poderá ser feita também com faixas adesivas, rolos de gaze ou esparadrapo.

Bandagem Triangular - modelo especial de atadura em forma de um triângulo que possibilita a confecção de tipóias ou, quando utilizada na forma dobrada, a fixação de compressas de gaze sobre os ferimentos, talas, imobilização óssea, etc. Largamente utilizada por socorristas, deverá possuir 100 x 100 cm nos lados do triângulo e 141 cm na base, confeccionado mais comumente (não obrigatório), em tecido do tipo algodão cru. Deve ser simples de modo a ser descartável após uso.

Mecanismo Corporais de Controle de Hemorragias

Vasoconstrição - que é um mecanismo reflexo que permite a contração do vaso sanguíneo lesado diminuindo a perda sanguínea;

Coagulação - que consiste em um mecanismo de aglutinação de plaquetas no local onde ocorreu o rompimento do vaso sanguíneo, dando início à formação de um verdadeiro tampão, denominado coágulo, que obstrui a saída do sangue.

Medidas para Controle de Hemorragias
Compressão direta sobre o ferimento
- Comprima diretamente sobre a ferida com sua mão (protegida por luva descartável), ou com a ajuda de um pano limpo ou gaze esterilizada, para prevenir a infecção.
- Mantenha a região em uma posição mais elevada que o resto do corpo, para diminuir o sangramento.
- Fixe o curativo com uma atadura de crepe.
- Se o sangramento persistir após uma aplicação de curativo, não o remova e coloque outro curativo sobre o primeiro exercendo uma pressão mais adequada

Tipos de Hemorragias Externas

Capilar - Sangue vermelho, vasão em gotas e sem risco imediato de vida.
Venosa - Sangue vermelho escuro, vasão escorrida (sem pressão), não é muito grave.
Arterial - Sangue vermelho vivo, vasão em jatos (alta pressão) com elevado risco de vida.


FONTE DE REFERÊNCIA
MTBRESG – MANUAL DE RESGATE E EMERGÊNCIAS MÉDICAS
Direitos Autorais: Corpo de Bombeiros Militar do Estado de São Paulo.