A alocação do Corpo de Bombeiros com seus equipamentos e a extinção do incêndio até o seu final, por meio de gerência adequada, utilizan...
A alocação do Corpo de Bombeiros com seus equipamentos e a extinção do incêndio até o seu final, por meio de gerência adequada, utilizando-se da sua habilidade e experiência para atingir os objetivos no local do incêndio. É, em outras palavras, e de modo abrangente, a elaboração de um plano (de ataque).
Lloyd Layman definiu 7 táticas básicas (fases táticas) no local de incêndio, no livro "Táticas de Combate ao Fogo":
1 - Salvamento;
2 - Isolamento;
3 - Confinamento;
4 - Extinção;
5 - Rescaldo;
6 - Ventilação; e
7 - Proteção de Salvados.
Tais táticas devem ser implementadas no incêndio, após a definição das prioridades táticas (objetivos) no local, e após a análise da situação, que também acaba sendo uma das fases táticas. As táticas de Layman têm perdurado imutáveis, mas o Bombeiro tem redefinido estas táticas de acordo com os objetivos no local de incêndio e tem feito das táticas os meios a serem utilizados para atingir tais objetivos. Um exemplo é o resgate de uma criança da janela do 3º pavimento.
O salvamento da criança é o objetivo no local de incêndio; a colocação da escada mecânica para executar o resgate é a tática. Isto porque muitos métodos podem ser usados para atingir o mesmo objetivo, pois as táticas são tipicamente partes de um todo.
Em geral, a tática usada para socorro de crianças no exemplo citado é a seguinte:
Estratégia - "Remover a vítima do incêndio"
O meio de implementação da tática - "Utilização da Escada Mecânica" - é o método tático.
Quando o incidente ocorre e o Corpo de Bombeiros é notificado, a sequência da fase tática muda. Tão logo o despachador recebe o aviso de ocorrência e providencia o alarme, acionando as viaturas para o atendimento, a assimilação de informações é iniciada para prover o comandante da emergência de dados para a escolha da tática apropriada, utilizando os fatores de tomada de decisão:
- Estratégia (POP, PPI, Diretriz de Despacho do Socorro);
- Padrão de referências de prioridades táticas no local de incêndio;
- Informações obtidas do centro de comunicações; e
- A experiência do comandante da emergência.
O fator estratégico inclui todas as informações obtidas durante o desenvolvimento da estratégia. Este inclui relatórios de ocorrências anteriores, planejamento prévio, prevenção de incêndios e revisão de planos. A estratégia também inclui treinamento dos Postos de Bombeiros e de todos os seus componentes nos POP’s.
Numa situação de incêndio, deve-se estabelecer prioridades táticas para tomada de decisões, sendo que as prioridades normalmente têm a seguinte sequência:
a) Salvamento de vidas;
b) Controle do incêndio; e,
c) Preservação da propriedade.
A decisão no local de incêndio deve ser consistente com tais prioridades. Reconhecimento, de qualquer modo, daquele padrão de prioridades não necessariamente designa a sequência dos objetivos no local de incêndio. Há muitos casos em que o melhor caminho para proteger vidas é extinguir o incêndio. Neste caso, táticas de extinção começam antes da tática de salvamento.
As prioridades (salvamento, extinção e preservação da propriedade) representam metas a longo prazo e a sequência de objetivos no local de incêndio (combater um determinado foco para propiciar o resgate de uma vítima, por exemplo) representam, a curto prazo, meios para alcançá-las. Cada uma das três prioridades táticas requer operações táticas diferentes do ponto de vista do comando e operacional.
Durante operações de salvamento, o comandante da emergência está tentando encontrar e remover ocupantes que estejam correndo riscos. Deve estar preparado para, estando fora da edificação, realizar este objetivo por meio da guarnição de exploração. Seu desenvolvimento deve ser feito de modo orientado, à procura de vítimas, evitando se influenciar pelo curto e escasso espaço de tempo, muitas vezes desesperador. Pode lutar contra o fogo (extinção), enquanto desenvolve essa fase tática de exploração em busca de vítimas (salvamento), mas deve permanecer nesta modalidade enquanto não receba todo o relatório que garanta não existir mais vítimas.
Quando envolvido com os esforços de controle do fogo, o comandante da emergência está tentando encontrar seu foco, para a extinção do incêndio. Isto pode requerer uma operação agressiva, onde, às vezes, sejam necessários arrombamentos para realização de entradas forçadas e para prover ventilação, com a abertura de paredes, tetos e assoalhos, bem como, para operação de linhas de ataque. Esta é uma atitude consciente de provocação de danos à propriedade, resultado do próprio combate ao fogo.
O certo é que se tais atitudes forem tomadas de modo adequado e rápido, o resultado final pode ser até mesmo benéfico para a propriedade envolvida no incidente, que, muitas vezes, pode ter um dano menor, levando-se em conta a propriedade como um todo. Em atividades de proteção de salvados, o comandante da emergência deve procurar proteger o valor de tudo aquilo que não foi destruído pelo fogo. Durante a proteção de salvados, o tempo é menos crítico, sendo que as operações podem ser desenvolvidas de modo mais tranquilo.
Marcos de Níveis de Complexidade
Os objetivos de cada prioridade são refletidos nos seguintes marcos de níveis de complexidade:
“Tudo verificado” - a exploração está terminada.
“Sob controle” - o fogo está controlado.
“Perdas controladas” - a conservação da propriedade está completada.
Os marcos de níveis de complexidade são sinais que indicam ao comandante da emergência quando uma prioridade básica foi feita e a operação pode prosseguir para a próxima prioridade básica. Os marcos de níveis estabelecem os objetivos práticos de modo simples, direto e fácil para que o comandante da emergência possa concentrar seus esforços.
Quando o comandante da emergência tiver que atender os objetivos de cada prioridade tática na sequência 1, 2 e 3 (salvamento de vidas, controle do incêndio e preservação da propriedade), também deverá estar preparado para sobrepor e combinar atividades ao verificar um determinado marco de nível. Os exemplos mais comuns são daquelas situações em que seja necessária realizar a combinação limite das ações no interior da edificação com as ações exteriores do controle de fogo, logo após a exploração ou quando há necessidade de iniciar operações de proteção de salvados, quando os esforços para o controle do incêndio ainda se prolongarem.
Nas situações que requerem pluralidade de atividades, o comandante da emergência deve concentrar esforços naquilo cujo marco de nível esteja na iminência de ser alcançado, mesmo que algo completamente diferente possa acontecer. Qualquer leigo poderá diferenciar a estratégia ofensiva da defensiva, mas não poderá indicar que prioridade tática está sendo desenvolvida.
A informação obtida pelo Corpo de Bombeiros não só inclui a informação compilada durante a fase estratégica, mas também a informação obtida durante o desenvolvimento da ocorrência. O comandante da emergência, usando estrategicamente a informação que lhe foi transmitida pelo rádio e a informação local, perceberá que o atendimento progredirá visivelmente durante a resposta, de acordo com a situação específica. O caminho a ser percorrido representa a ponte entre a estratégia e a tática.
O vazio entre a existência da estratégia e a própria tática é o caminho a ser percorrido
A experiência do comandante da emergência tem grande importância no combate a incêndio. Cada comandante tem uma experiência acumulada, que pode ser aplicada e cada um tem um modo diferente de encarar o conceito tático com o qual normalmente trabalha. Suas decisões táticas podem ser diferentes, mas o resultado não.
Quando o comandante da emergência entra na fase tática, sua tarefa inicial é fazer uma análise da situação, verificando: dados, riscos, meios, tomada de decisão e plano de ataque (cada um desses tópicos será visto mais adiante quando se falar especificamente sobre a análise de situação). Normalmente, na fase estratégica (plano prático), o comandante da emergência, responsável pela ocorrência, faz a análise da situação e escolhe o modo estratégico. Então, ele faz um relato inicial para as guarnições e cada envolvido pode tomar decisões consistentes com o modo selecionado. O comandante da emergência deve tentar fazer um relato inicial, tão logo quanto possível, após inteirar-se da ocorrência.
Quando o modo estratégico é selecionado, o comandante da emergência inicia uma nova etapa, que consiste na rápida revisão das seguintes informações:
- Os fatos da situação;
- As probabilidades da situação;
- As capacidades de que dispõe; e
- O estabelecimento da segurança no local.
Após revisar esses fatores, o comandante da emergência deve ser hábil para determinar objetivos prioritários no local de incêndio.
Quando o conjunto de objetivos prioritários tiver sido experimentado (prioridades táticas no local de incêndio), cada objetivo deve sofrer uma avaliação sequencial. Isto se faz necessário porque as ações no local de incêndio não estão agrupadas em pequenos blocos independentes, mas ocorrem simultaneamente. O comandante da emergência deve avaliar cada um dos objetivos para determinar:
- Os recursos a serem alocados;
- O tempo a ser despendido;
- O processo de comunicação necessário; e
- A designação dos setores de posicionamento das guarnições.
Na revisão, o comandante necessita observar alguns itens:
- Segurança: foram analisadas as condições de segurança e bem estar do pessoal?
- Estratégia: a estratégia definida atende à situação emergencial?
- Prioridades 1 - 2 - 3:
1. Todos os ocupantes fora/salvamento sob controle?
2. Fogo dominado, sob controle?
3. Patrimônio protegido?
- Ações corretas: os bombeiros estão aplicando os POP’s ?
- Zona de ataque: os pontos principais já foram abordados?
- Dimensão do atendimento: suficiente para suprir as necessidades?
- Apoio: providenciado em tempo e quantidade suficiente?
- Situações de reinício: as equipes podem ser reforçadas e mobilizadas?
- Controle Operacional: há um comando efetivo na ocorrência?
- Recursos adequados: correspondem aos problemas táticos?
Após determinar a sequência de objetivos (prioridades táticas), o comandante da emergência deve rapidamente decidir, de qualquer forma, o caminho mais apropriado. Para esta decisão, a consideração mais importante é de que forma os recursos do local são adequados para implementar a tática a ser usada. Se não há recursos adequados, alarmes adicionais, os planos táticos devem ser acionados, ou ainda, deve-se adaptar o modo estratégico, alterando-o.
FONTE DE REFERÊNCIA
METCI – MANUAL DE ESTRATÉGIA E TÁTICA DE COMBATE A INCÊNDIO
Direitos Autorais: Corpo de Bombeiros Militar do Estado de São Paulo