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Barotrauma

Do grego “baros”, cujo significado é pressão; barotrauma são os traumatismos causados pela pressão. É a lesão que sobrevêm da incapacidad...

Do grego “baros”, cujo significado é pressão; barotrauma são os traumatismos causados pela pressão. É a lesão que sobrevêm da incapacidade do mergulhador de equilibrar as pressões entre um espaço aéreo e a pressão do meio ambiente e, no estudo do mergulho, são denominados em função do modo como ocorrem.

Assim, são eles:
a) barotrauma do ouvido médio;
b) barotrauma do ouvido externo;
c) barotrauma dos seios faciais;
d) barotrauma dos pulmões;
e) barotrauma total;
f) barotrauma facial ou de máscara;
g) barotrauma da roupa;
h) barotrauma dental.

A - Barotrauma do ouvido médio
A característica desse acidente é que ocorre sempre na fase de descida do mergulhador, sendo a doença mais leve e freqüente nos mergulhos. À medida que aumenta a pressão exterior durante a descida, a membrana do tímpano sofre o efeito direto desse aumento, abaulando-se para dentro, podendo inclusive romper-se, caso o mergulhador não consiga equilibrar as pressões por meio do envio forçado de ar através da tuba auditiva. 

Quando o tímpano se rompe, o ouvido médio é invadido pela água e, se a temperatura desta for baixa, o mergulhador poderá apresentar, por irritação dos canais semicirculares, náuseas e vômitos, sendo acometido pela síndrome da desorientação espacial. Esse fenômeno é de curta duração e tão logo a temperatura da água se eleve, os sintomas desaparecem.

Quadro Clínico
Dor no ouvido durante a descida, que normalmente cessa se o mergulho é interrompido e a pressão aliviada. Nos casos graves, quando há o rompimento da membrana timpânica, podem ocorrer hemorragias, náuseas, vômitos e tonteiras.

Tratamento
Para evitar o barotrauma do ouvido médio, o mergulhador deverá equilibrar as pressões, fazendo a compensação das cavidades aéreas do ouvido, por meio da manobra de “Valsalva”. Para os casos em que houve o rompimento do tímpano, não molhe mais o ouvido afetado, aplique curativos secos e procure um médico especialista.

Medidas profiláticas
Conhecer a mecânica que desencadeia o barotrauma do ouvido médio, bem como as manobras para equilibrar as pressões.

Não mergulhar resfriado, ou com as vias aéreas congestionadas.
Não prosseguir mergulhando, sem compensar os ouvidos.

Tímpano rompido
A ruptura da membrana timpânica requer tratamento médico especializado. Na grande maioria dos casos, o médico toma cuidados gerais para evitar uma infecção e assegurar a permeabilidade das trompas, e apenas observa a cicatrização espontânea que se dá, normalmente, dentro de uma a três semanas. Caso contrário, se torna necessária a intervenção cirúrgica chamada de timpanoplastia. Esse acidente pode não deixar sequelas, mas pode também causar diminuição da audição para determinadas frequências, devido a cicatriz que se forma no tímpano.

A 1a gravura representa a situação do tímpano do mergulhador, quando na superfície.
A 2a gravura representa a ocorrência de barotrauma de ouvido médio pela falta de equilíbrio das pressões, ou falta de manobra de compensação.
A 3a gravura representa a realização da manobra compensadora de “Valsalva”.

B - Barotrauma de ouvido externo
Ocorre pelo uso de tampões na orelha, rolha de cerúmen, ou o uso de gorros de neoprene muito justos, que acabam criando uma câmara fechada no ouvido externo. Nesse caso a membrana timpânica abaúla-se para fora, surgindo edemas e lesões hemorrágicas no conduto auditivo. Esse acidente tanto pode ocorrer na descida do mergulhador, como também na subida.

Medidas profiláticas
Não utilizar capuz apertado, manter limpos os condutos auditivos e, de forma nenhuma, usar tampões de nadadores durante o mergulho.

C - Barotrauma dos seios da face
Como os seios faciais se comunicam com a faringe por estreitas passagens, a obstrução de um desses circuitos por um processo inflamatório qualquer ou má formação anatômica, impede o equilíbrio das pressões, criando uma região de baixa pressão no interior das cavidades ocas, produzindo uma sucção nas mucosas que as revestem.

Quadro clínico
Dor de intensidade crescente na face durante a descida, com alívio imediato se o mergulho é interrompido. Saída de secreção nasal com sangue. Áreas sinusiais dolorosas ao toque.

Tratamento
Não voltar a mergulhar até que o problema esteja resolvido. Utilização de medicamentos descongestionantes e analgésicos, sob orientação médica.

Medidas profiláticas
Evite mergulhar com infecção das vias aéreas. Inspeção médica, pois a repetição desse acidente pode transformar-se em sinusite crônica.

D - Barotrauma dos pulmões ou torácico
Como foi demonstrado pela Lei de Boyle, a pressão e o volume são valores inversamente proporcionas, isto é, quando um aumenta o outro diminui. Dessa forma, à medida que o mergulhador vai descendo, a pressão aumenta consideravelmente e, por consequência, os pulmões vão-se comprimindo, reduzindo seu volume.

A partir de um determinado ponto (quando se atinge o limite do volume residual), aflexibilidade da caixa torácica impede, aos pulmões continuarem reduzindo seu volume e se o mergulhador prosseguir, haverá uma congestão e passagem de transudato (líquido que extravasa de uma membrana ou vaso sanguíneo) para o interior dos alvéolos e finalmente edema agudo de pulmão.

Quadro clínico
Sensação de opressão ou dor no tórax durante a descida. Falta de ar ou tosse no retorno à superfície. Secreção mucosanguinolenta. Acidente mais comum na prática do mergulho livre.

Tratamento
Trazer o mergulhador à superfície, interrompendo a atividade. Adotar uma posição que facilite a saída de secreções. Ministrar oxigênio. Aplicar respiração artificial, se necessário.

Medidas profiláticas
Conhecer a mecânica que o desencadeia e estar atento para seu limite individual no mergulho livre.

E - Barotrauma total
Só ocorre quando são utilizados equipamentos dependentes, rígidos e que formam espaços preenchidos com ar. Se a pressão no interior da roupa cair bruscamente (aumento brusco da profundidade ou interrupção no fornecimento de ar) a pressão exterior aumentada atua no corpo do mergulhador, podendo em casos extremos, comprimi-lo em direção aos espaços internos do equipamento.

F - Barotrauma facial ou de máscara
A pressão no interior da máscara facial deverá ser mantida em equilíbrio com a pressão exterior. A não equalização entre essas pressões ou a queda da pressão no interior fará com que a máscara se transforme em uma ventosa de sucção atingindo a face propriamente dita e os tecidos moles, como globos oculares e capilares nasais.

Quadro clínico
O mergulhador acusa a sensação de sucção durante o mergulho. Na superfície geralmente são constatados edemas, equimoses faciais, sangramento pelo nariz, hemorragia do globo ocular (casos graves) e nas conjuntivas.

Tratamento
Compressas geladas, sedativos e analgésicos. Se houver sangramento nos olhos, procurar um médico especialista.

G - Barotrauma de roupa
Dobras na roupa de neoprene mal ajustadas ao corpo podem transformar-se em câmaras aéreas sem possibilidade de se equilibrar as pressões. Nesses casos podem ocorrer equimoses, sem maiores conseqüências.

H - Barotrauma dental
Obturações mal feitas, sem o devido preenchimento total do canal, podem levar à formação de espaços aéreos impossíveis de se equilibrar as pressões. Dor muito forte ocorrerá durante a descida e o tempo todo em que o mergulhador permanecer sob pressão. O problema só será resolvido após consulta a um especialista.

Bloqueio reverso
Embora não conste da tabela anteriormente apresentada, o bloqueio reverso é também considerado um tipo de barotrauma de ouvido médio. Ocorre na subida do mergulhador e é provocado pelo uso de descongestionantes, cujo efeito venha a terminar, gradativamente, durante o mergulho. Nesse caso a redução da pressão que ocorre à medida da subida do mergulhador não pode ser equalizada devido a obstruções do conduto auditivo, por secreções, provocando o abaulamento do tímpano para fora.

Tratamento
Se isso acontecer, desça alguns metros e retorne a subir lentamente fazendo flexões laterais com o pescoço na tentativa de realizar a desobstrução do conduto auditivo.

Medidas profiláticas
Descarte o uso de descongestionantes antes do mergulho.


FONTE DE REFERÊNCIA
MSAq – MANUAL DE SALVAMENTO AQUÁTICO
Direitos Autorais: Corpo de Bombeiros Militar do Estado de São Paulo