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Prática do Mergulho

A prática do mergulho começa com a adaptação do corpo a água. O homem vive imerso numa redoma de ar, onde cada molécula do corpo humano ...

A prática do mergulho começa com a adaptação do corpo a água. O homem vive imerso numa redoma de ar, onde cada molécula do corpo humano está comprimida sob esse imenso oceano gasoso. Respirar é um alívio. Os músculos peitorais se expandem e o diafragma movimenta-se permitindo a expansão dos pulmões e a suave entrada de ar, ao relaxar-se o ar é exalado, e o ciclo mágico continua perpetuamente, sem que tenhamos conta de sua importância. A perfeita sincronia de um simples respirar muda drasticamente quando o ser humano está na água.

O nadador tem muita intimidade com a água, gosta de sua temperatura, e busca a ausência de atrito, em cada braçada vigorosa, no anseio de conquistar a maior velocidade possível. A respiração é o ponto chave, e deve ser cadenciada, ritmando o corpo e oxigenando os músculos, traçando uma reta imaginária, até ao alcance da melhor performance. Independente de qualquer instrumento pode-se assim deslocar-se pela superfície liquida, sem nenhum aparato especial, desde que seja suprida a porção vital de ar. E antes de tudo deve ter preparo técnico, psicológico e profissional. 

Ao imergir, o mergulhador certamente coloca em risco sua integridade física, alterando seu metabolismo de forma brusca, mas com inteligência supera cada obstáculo, até alcançar o objetivo, que é atingir níveis mais profundos. Flutuar é apenas uma questão de empuxo. Nesse mundo novo, os aparatos chegam a ser muito incômodo na superfície, mas no meio líquido resulta numa sensação de leveza, equilibrando-se hidrostaticamente, graças a ajuda de pesos e coletes equilibradores, que podem inflar na medida certa e proporcionar conforto e segurança.

Até agora nada de novo. Ao tema mergulho, além da aventura e adrenalina pitoresca, deve enfatizar com muita propriedade, a elevação do padrão de segurança nessa perigosa atividade. Segurança em todos os aspectos, quer na preparação, na execução e no pós-mergulho, em prol da saúde no que couber minimizar as consequências nocivas ao organismo, sob efeito da pressão e descompressão, de forma contínua.

Antes do mergulho, cada ação deve ser cuidadosamente calculada, avaliando a formação da equipe adequada, o preparo técnico individual, o grau de treinamento, as condições psicológicas e orgânicas, requisitos indispensáveis para o início dos trabalhos subaquáticos. O mais experiente deve coordenar as ações. Avaliar a equipe é o primeiro passo para o sucesso da missão. Os homens devem ser o foco da atenção, o equipamento, não menos importante, deve ser cuidadosamente preparado, pois o acidente acontece onde a prevenção falha.

Definida a equipe e preparado o material, a avaliação seguinte será as condições do ambiente. Profundidade a se atingir, tempo de fundo, visibilidade, composição do fundo e trabalho a executar. As condições desfavoráveis devem ser avaliadas, como pedras, obstáculos, cercas, restrições, enroscos, tubulações, que podem tornar-se armadilhas para o mergulhador, bem como outros fatores de risco como, poluição da água, correnteza, temperatura baixa e escuridão. 

É sempre importante ter em mente que imprevistos acontecem, normalmente fruto da distração ou mesmo da imprevisibilidade, como mudança repentina das condições climáticas, um equipamento mal ajustado ou defeituoso, objetos soltos, cordas que se prendem por formação de nós e laços, dificultando a equipe de apoio, normalmente atenta, mas isolada no barco ou superfície.

Trabalhar em equipe não é uma garantia, mas quando um depende do outro, cria-se um vínculo sólido de companheirismo e de cooperação. O revezamento nas funções é salutar e gera um menor desgaste físico, beneficiando o desempenho do mergulhador, que em todo o tempo estará atento quanto a sua segurança pessoal. O cansaço pode se tornar um fator de risco acentuado, na medida que predispõe a diminuição de reflexos, e de um pensamento claro. Dentro da água, pensar com clareza é fundamental, mas exige treinamento e experiência, sendo, a princípio, bastante difícil.

Um dado importante a ressaltar é a média de profundidade em que se dará o mergulho. Quanto mais profundo, mais problemático. O consumo de ar aumenta, o tempo de fundo diminui, e há possibilidade de saturação pelo nitrogênio, o que deve ser contornado com o uso adequado de tabelas, programando-se paradas durante a subida, possibilitando ao organismo eliminar o excesso dissolvido na corrente sanguínea.

Nas águas interiores verificou-se que a maioria dos trabalhos ocorreram em torno dos 30 metros. Nessa profundidade é possível utilizar-se apenas de ar comprimido. Este poderá ser armazenado em cilindros acoplados as costas do mergulhador, sendo o principal suprimento de ar. 

Outra possibilidade é o mergulho dependente, havendo o fornecimento do ar através de um compressor ou suprimento de superfície alcançando o mergulhador por intermédio de uma mangueira e regulador. Junto com a mangueira há uma corda que é conectada ao arnês do mergulhador, e é conhecida como linha de vida, e esse nome é bem apropriado.

A excelência do mergulho baseia-se na capacidade do homem, o quanto está treinado e preparado, aliado ao cabedal de situações experimentadas na prática, conferindo um autodomínio e autoconfiança para safar-se das situações inesperadas da maneira mais tranquila possível, pois exatamente dessa calma depende o controle da situação e uma subida disciplinada para o porto seguro a superfície.

Os equipamentos devem, preferencialmente, ser individuais, ajustados de acordo com as condições físicas pessoais. Equipamento de uso coletivo tende a sofrer um desgaste precoce. O ideal para o mergulhador é possuir todos os equipamentos básicos. A afinidade com o material deve ser tal como uma segunda pele, não pode incomodar, tem que vestir perfeito e confortavelmente, ficando fácil visualizar o surgimento de defeitos ou de outras anomalias.

Conhecer as normas é outro fator de primordial importância. Nunca as desrespeita é conduzir as atividades para um mergulho seguro. A atividade subaquática intrinsecamente é um fator de risco, não sendo recomendáveis peripécias que agravem a situação. O planejamento deve ser obedecido sem variações ou improvisações. Os limites (tempo de fundo, profundidade, e velocidade de subida) que as normas impõem são preceitos básicos para o desenvolvimento seguro do mergulho.

Treinamento é chave do sucesso. O preparo do mergulhador depende de um constante aperfeiçoamento. Cada mergulho deve vir acompanhado do respectivo registro, em caderneta própria, adicionando horas preciosas ao “curriculum vitae”, comprovando com eficácia que o homem encontra-se em franca atividade, como um piloto experiente que soma suas horas de voo, merecendo, sem dúvida, um maior respeito.

Enfim, aos heróis desbravadores do desconhecido, nenhum escapou incólume, havendo no curso da história bravos que transcenderam dessa vida para outra, vitimados por acidentes, quer por descuido ou por ignorância, mas deixando lições preciosas das quais não podemos negligenciar. O exemplo edifica.

O trabalho debaixo d’água não é somente um esforço físico e perigoso, mas, é também um trabalho mental, até mesmo quando os esforços são bem sucedidos.


FONTE DE REFERÊNCIA
MOM – MANUAL DE OPERAÇÕES DE MERGULHO

Direitos Autorais: Corpo de Bombeiros Militar do Estado de São Paulo