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Cordas "Tipos de Fibras, Construção e Resistência"

As cordas constituem o elemento fundamental nas operações de salvamento em altura, sendo frequentemente referenciadas em diversas literat...

Cordas
As cordas constituem o elemento fundamental nas operações de salvamento em altura, sendo frequentemente referenciadas em diversas literaturas internacionais pelo termo "resgate com cordas" (rope rescue). Em muitas situações, a corda não só representa a única via de acesso à vítima, como também a única conexão que o socorrista tem com um ponto seguro. Essa dualidade de funções confere à corda um papel crítico, demandando uma atenção minuciosa e cuidados especiais.

No contexto dos resgates, a corda é mais do que um simples equipamento; ela é o elo vital entre a vida e a morte, entre a segurança e o perigo iminente. Sua escolha, manutenção e uso adequado são cruciais para o sucesso da operação e a segurança de todos os envolvidos. Diversos fatores, como a resistência, a flexibilidade, a capacidade de carga e a durabilidade da corda, devem ser criteriosamente avaliados para garantir sua eficácia em situações extremas.

Além disso, o conhecimento técnico e a habilidade dos socorristas no manuseio das cordas são determinantes para o desenrolar das operações. Técnicas avançadas de ancoragem, descida, ascensão e resgate devem ser dominadas para enfrentar os desafios impostos pelos ambientes inóspitos e pelas condições adversas encontradas durante os salvamentos. A formação contínua e os treinamentos rigorosos são essenciais para que os socorristas mantenham um alto nível de competência e segurança em suas atividades.

Portanto, a importância das cordas no resgate em altura transcende seu aspecto físico, incorporando um profundo conhecimento técnico e uma preparação meticulosa, ambos indispensáveis para a realização de operações eficazes e seguras.

Tipos de Fibras
As cordas são feitas de fibras naturais (algodão, juta, cânhamo, sisal, entre outras) ou sintéticas. Devido as características das fibras naturais, como a baixa resistência mecânica, sensibilidade a fungos, mofo, pouca uniformidade de qualidade e a relação desfavorável entre peso, volume e resistência, apenas cordas de fibras sintéticas devem ser utilizadas em serviços de salvamento.

Dentre as fibras sintéticas, destacamos:

Poliolefinas (polipropileno e polietileno): são fibras que não absorvem água e são empregadas quando a propriedade de flutuar é importante, como por exemplo, no salvamento aquático. Porém, estas fibras se degradam rapidamente com a luz solar e, devido a sua baixa resistência à abrasão, pequena resistência a suportar choques e baixo ponto de fusão, são contra-indicadas para operações de salvamento em altura (proibidas para trabalhos sob carga).

Poliéster: as fibras de poliéster têm alta resistência quando úmidas, ponto de fusão em torno de 250ºC, boa resistência à abrasão, aos raios ultra-violetas e a ácidos e outros produtos químicos, entretanto, não suportam forças de impacto ou cargas contínuas tão bem quanto as fibras de poliamida. São utilizadas em salvamento, misturadas com poliamida, em ambientes industriais.

Poliamida (nylon): boa resistência à abrasão, em torno de 10% mais resistente à tração do que o poliéster, mas perde de 10 a 15% de sua resistência quando úmido, recuperando-a ao secar. Excelente resistência a forças de impacto. Material indicado para cordas de salvamento em altura.

Construção da Corda
Para a construção de uma corda, as fibras podem ser organizadas de várias maneiras: torcidas, trançadas ou dispostas na forma de capa e alma. As cordas utilizadas em serviços de salvamento geralmente possuem uma estrutura de capa e alma. A alma da corda é composta por milhares de fibras, sendo responsável por aproximadamente 80% da resistência total da corda. A capa, que envolve a alma, tem a função de protegê-la contra abrasão e outros agentes agressivos, contribuindo com os 20% restantes da resistência.

Cordas Dinâmicas
São cordas de alto estiramento (elasticidade) usadas principalmente para fins esportivos na escalada em rocha ou gelo. Esta característica permite absorver o impacto, em caso de queda do escalador, sem transferir a ele a força de choque, evitando assim lesões. Sua alma é composta por um conjunto de fios e cordões torcidos em espiral, fechados por uma capa.

Cordas Estáticas
São cordas de baixo estiramento (elasticidade) usadas em espeleologia, rapel, operações táticas, segurança industrial e salvamento, situações que o efeito “iô-iô” é contraindicado e em que se desconsidera o risco de impacto por queda. Para tanto, os cordões da alma são paralelos entre si, ao contrário das dinâmicas, em que são torcidos.

Resistência da Corda
A resistência de uma corda é estabelecida como carga de ruptura. A corda deve ter uma carga de ruptura várias vezes maior do que a carga que irá suportar. Esta relação entre resistência e carga é conhecida como fator de segurança. O fator de segurança 5:1 é considerado adequado para transportar equipamentos, mas insuficiente se vidas humanas dependem da resistência da corda, quando adotamos o fator de segurança 15:1.

Características das Cordas de Salvamento
As cordas de salvamento são cordas estáticas com capa e alma e fibras de poliamida. De acordo com a norma NFPA-1983/2001, devem ter diâmetro de 12,5mm e carga de ruptura de 4000 kgf.

Cuidados com a Corda
As cordas são construídas para suportarem grandes cargas de tração, entretanto, são sensíveis a corpos e superfícies abrasivas ou cortantes, a produtos químicos e aos raios solares, por isso, atenção:
- Evite superfícies abrasivas, não pise, não arraste e nem permita que a corda fique em contato com quinas desprotegidas;
- Evite contato com areia (os pedriscos podem alojar-se entre as fibras, danificando-as);
- Evite contato com graxa, solventes, combustíveis, produtos químicos de uma forma geral;
- Evite que a corda fique pressionada (“mordida”);
- Não deixe a corda sob tensão por um período prolongado, nem tampouco utilize-a para rebocar um carro ou para qualquer outro uso, senão aquele para o qual foi destinada; e
- Deixe-a secar à sombra, em voltas frouxas, jamais ao sol, pois os raios ultravioletas danificam suas fibras.


FONTE DE REFERÊNCIA
MSA – SALVAMENTO EM ALTURA
Direitos Autorais: Corpo de Bombeiros Militar do Estado de São Paulo