As atividades de salvamento foram realizadas desde os primórdios do bombeiro paulista e, em sua história, encontramos algumas referência...
As atividades de salvamento foram realizadas desde os primórdios do bombeiro paulista e, em sua história, encontramos algumas referências a respeito. Em 1874, quando foi criada uma turma de bombeiros com dez homens egressos do Corpo de Bombeiros da Corte, foram adquiridos poucos materiais, dentre os quais um saco salva-vidas (o primeiro material para salvamento de que se tem notícia).
Em 1924, com a denominação de Batalhão de Bombeiros Sapadores, o bombeiro é reequipado pelo Estado e, dentre os novos equipamentos, referencia-se a aquisição de uma “auto-escada pivotante Magyrus”. Em 1931, o Tenente Coronel Affonso Luiz Cianciulli assumiu o comando dos bombeiros e dedicou cuidados especiais ao serviço de salvação, implementando melhoramentos e invenções suas, como carretilhas de salvação, além de um carro especial para salvamento de pessoas caídas em poços. Em 1950, foi criada a Seção de Salvação que contou com equipamentos, instrução e efetivo próprios.
Em 1964, após receber outras denominações, passou a chamar-se 4ª Companhia de Bombeiros, sob o comando do 1º Ten José Carnecina Martins, até 1969, quando assumiu o comando o 1º Ten Hélio Barbosa Caldas, havendo novo aumento de efetivo, aquisição de equipamentos e maior especialização dos homens nas áreas de educação física, mergulho, salvamento em altura e sobrevivência. A 8ª Companhia de Bombeiros (Salvamento) foi criada em 1973 e, em 1975, as 4ª e 8ª Cias passaram a ser denominadas 1º e 2º Grupamentos de Busca e Salvamento, através da Lei 616.
Indubitavelmente, os grandes incêndios ocorridos na década de 70 representaram um divisor de águas na história do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, a partir dos quais importantes mudanças na legislação de prevenção, bem como, novos equipamentos e viaturas foram implementadas. Em 24 de fevereiro de 1972, ocorreu o catastrófico incêndio do Edifício Andraus, que atingiu 31 andares, ceifando 16 vidas e ferindo outras 375.
Este foi o primeiro incêndio em que houve o emprego bem sucedido de helicópteros no salvamento de múltiplas vítimas. Em 1º de fevereiro de 1974, o incêndio no Edifício Joelma causou 189 mortes e 320 feridos. Desta vez, o emprego de aeronaves não foi bem sucedido como no incêndio do Edifício Andraus e muitas das vítimas sucumbiram no telhado, esperando resgate por helicópteros.
Em 14 de fevereiro de 1981, um grande incêndio irrompeu no Edifício Grande Avenida, ocasionando 17 vítimas fatais e 53 feridos. Uma das imagens que marcou este incêndio, foi a travessia de um bombeiro, através de uma corda, até uma vítima e seu casal de filhos para resgatá-los. Em 1996, tivemos o incêndio na favela de Heliópolis em que, mais uma vez, houve o acesso e remoção de vítimas através de helicóptero, além do uso da técnica de rapel nas operações de salvamento.
Até 1992, a especialização em salvamento em altura era realizada através do Estágio de Salvamento em Altura (ESA). Naquele ano, seu currículo foi reformulado e reconhecido perante a Diretoria de Ensino da PMESP, sendo instituído o Curso de Salvamento em Altura (CSAlt).
Em 1998, a atividade de salvamento em altura sofreu mais uma importante evolução, a partir da introdução de novas técnicas, conceitos e equipamentos que, entretanto, não alcançaram todos os rincões do Estado, por conta de diferenças de condições materiais financeiras e de pessoal.
Conceito de Salvamento em Altura
Atividade de bombeiro especializada no salvamento de vítimas em local elevado, através do uso de equipamentos e técnicas específicas, com vistas ao acesso e remoção do local ou condição de risco à vida, de quem não consiga sair por si só, em segurança.
Características do Serviço
Diferentemente de outros atendimentos, como em um acidente automobilístico, em que na maioria das vezes as equipes estão concentradas ao redor do veículo e têm contato entre si ou em um incêndio em que os componentes da guarnição normalmente estão unidos, ao menos, pelas linhas de mangueiras, o atendimento a uma ocorrência de salvamento em altura usualmente se dá de forma isolada, uma vez que envolve um cenário em três dimensões, em que a vítima encontra-se suspensa em um local elevado de difícil acesso. Assim, o bombeiro que efetuará a intervenção propriamente dita, deverá estar seguro de si, ter domínio das técnicas e do manuseio de equipamentos, atuando de forma rápida, precisa e segura.
Norma Operacional de Bombeiro - NOB 29
A NOB-29 é a norma operacional do Corpo de Bombeiros da PMESP que trata sobre a atividade de salvamento em altura, com o objetivo de estabelecer critérios técnicos claros, com vistas à regulamentação e padronização dessa especialidade, garantindo a eficiência e a eficácia do serviço operacional do Corpo de Bombeiros, com base em um sistema organizado que contemple o bombeiro, o equipamento e o atendimento da emergência propriamente dito.
Está organizada em quatro partes que versam sobre o sistema de salvamento em altura, pessoal, equipamentos e operações e impõe aos comandantes de frações de tropa, do comandante de prontidão ao comandante de Grupamento de Bombeiro, a incumbência da fiscalização, nas respectivas esferas de atribuições, do fiel cumprimento da norma quanto à confecção de escalas de serviço, distribuição de viaturas e equipamentos, uso e conservação de materiais, treinamento de pessoal e atendimento a ocorrências. Para melhor compreensão deste assunto, indicamos leitura e conhecimento dessa Norma.
FONTE DE REFERÊNCIA
MSA – SALVAMENTO EM ALTURA
Direitos Autorais: Corpo de Bombeiros Militar do Estado de São Paulo