Trabalhamos em nosso dia a dia com movimentos repetitivos, postura inadequada, força ou pressão. Colocamos a disposição para conheciment...
Trabalhamos em nosso dia a dia com movimentos repetitivos, postura inadequada, força ou pressão. Colocamos a disposição para conhecimento e prevenção destas doenças, e que podem afetar a todos os bombeiros, tudo o que você sempre quis saber e nunca lhe disseram claramente sobre LER - DORT.
Conceitos
LER - Lesão por Esforço Repetitivo. Conjunto de Síndromes (quadros clínicos/patologias/doenças) que atacam os nervos músculos e tendões (juntos ou separadamente). Elas são sempre degenerativas e cumulativas e sempre precedidas de alguma dor ou incômodo.
DORT - Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho. É exatamente igual a LER porém identifica exatamente a origem do problema: o trabalho. Origem na sua atividade ocupacional = DORT e de outra origem = LER.
Nos ensina Ramazzini que:
Numerosos estudos consideram que os movimentos repetitivos, os esforços excessivos e/ou as posições anormais necessárias para lidar com a organização cada vez mais mecanizada e estressante do modelo industrial moderno, são as principais causas a não ser o fato deste último vincular a doença ao uso da máquina e ao estresse da vida moderna.
Sintomas
Os sinais abaixo são indícios da eventual existência de uma lesão. Tendo alguns destes sintomas visite seu médico. Pode não ser nada. É melhor prevenir:
a) Estágio 1
Sensação de peso, dormência e desconforto em áreas específicas. Pontadas ocasionais durante as atividades mais intensas (no trabalho ou fora dele) podem ocorrer. As sensações passam após descanso de horas ou poucos dias.
b) Estágio 2
Existe dor com alguma persistência. A localização da dor é mais precisa. É mais intensa durante picos de atividade. Pode haver perda de sensibilidade, sensação de formigamento, inchaço e calor ou frio na área afetada. Mesmo com descanso a dor pode permanecer ou reaparecer subitamente sem que qualquer atividade tenha sido realizada. Momentos de estresse psicológico ou emocional podem provocar dor ou sensibilidade nos locais afetados.
c) Estágio 3
Perda de força eventual ou frequente. Dor persistente mesmo com repouso prolongado. Crises de dor aguda podem surgir mesmo durante repouso. Perda de sensibilidade frequente e eventual perda de capacidade de realizar alguns movimentos sem muita dor. Irritabilidade gera ainda mais dor.
d) Estágio 4
Dor aguda e constante, às vezes insuportável. A dor migra para outras partes do corpo. Perda de força e do controle de alguns movimentos. Perda grande ou total da capacidade de trabalhar e efetuar atividades domésticas. Dor aguda e constante, às vezes, insuportável. A dor migra para outras partes do corpo. Perda de força e do controle de alguns movimentos. Perda grande ou total da capacidade de trabalhar e efetuar atividades domésticas.
Prevenção
- Identificar os riscos a que você está sendo submetido (no trabalho ou fora dele). Eliminá-los. Se você conhecer alguém no seu ambiente (trabalho ou não) que sente dores com alguma frequência executando as mesmas tarefas que você, pode ser um alerta de que os riscos existem e você pode ser o próximo.
- Fazendo micro pausas (pequenas pausas rápidas) em qualquer atividade que se exerça repetitividade excessiva ou postura inadequada por tempo prolongado. Durante essas pausas faça alguns alongamentos para as áreas de seu corpo que estiverem executando a tarefa.
- Atentando para estar sempre com uma boa postura, incluindo a adequação do seu posto de trabalho de acordo com as características físicas e com sua atividade.
- Não faça força nem pressão exageradas, repetitivas ou frequentes em sua atividade.
- Cuidando da sua qualidade de vida (corpo e mente)
Desenvolvimento
A doença se desenvolve do abuso, do exagero (e/ou descaso) durante um tempo prolongado de:
- Movimentos repetitivos
- Postura inadequada
- Força ou pressão
O quadro se agrava quando fatores psicossomáticos como o Estresse se fizerem presentes. A Lesão/Distúrbio pode ser adquirida no trabalho, em casa, praticando esporte ou hobby, ou ainda na combinação destas práticas.
Cura
Em 100% dos casos são curáveis, se diagnosticados nos primeiros estágios. Nos casos mais graves, a cura (integral ou parcial), dependerá da disciplina e de boas condições psicológicas do lesionado (não estar deprimido).
Tratamento
- Identificando a REAL causa do lesionamento, para não repetir os fatores que lesionam durante o tratamento. Se afastar das causas diretas e indiretas da lesão.
- Sabendo que não existe uma fórmula única. Cada caso é um caso totalmente diferente.
- Bem diagnosticando a doença.
- Fazendo fisioterapia especializada sempre (peça referências).
- Mudar estilo de vida e melhorar a qualidade de vida, incluindo melhorar a auto-estima, os relacionamentos dentro e fora do trabalho, o condicionamento físico e a alimentação (mais verduras e frutas - menos frituras, doces e carboidratos).
- Muita paciência, força de vontade e apoio de colegas, amigos e familiares.
- Tratamentos alternativos podem ser utilizados. Os benefícios devem ser percebidos nas primeiras sessões. Caso contrário pare imediatamente e procure outras opções.
- Cadenciar toda atividade repetitiva, incluindo atividade computacional, executando micropausas frequentes, numa razão mínima de 25 minutos de trabalho por 1 minuto de pausa, (recomendável em casos crônicos a razão de 20 por 4), executando durante as pausas alongamentos para relaxamento de músculos, tendões e nervos. Durante as micropausas recomenda-se também a execução de auto-massagem nas mãos e braços.
- Os alongamentos e auto-massagem indicados acima podem e devem ser realizados sempre que possível durante o dia ou a noite.
Procedimentos Incorretos
- NUNCA, JAMAIS, esconda seus sintomas. Ao menor sinal vá ao médico.
- Usar tala para trabalhar ou fazer qualquer outra atividade.
- Engessar o braço por tempo maior que uma semana (não há necessidade de engessar em 99% dos casos).
- Tomar anti-inflamatório não específico para LER, só com prescrição médica.
- Tomar anti-inflamatório por tempo prolongado. Uma ou duas semanas no máximo, só com prescrição médica.
- Consultar só um médico.
- Operar a mão/punho (casos raros que exigem esse procedimento e representam uma parcela de 1% dos casos).
- Tratar-se sem descobrir a causa REAL da lesão e os fatores agravantes.
- Fazer fisioterapia não especializada - se a fisioterapia gerar mais dor.
PARE
- Acreditar que a lesão é puramente causada devido a fatores psicológicos, (normalmente é apenas um agravante).
- Ficar quieto quando você achar que o diagnóstico ou o tratamento estejam errados.
Responsabilidades
No caso de LER o culpado é sempre você. Por desatenção ou descaso. No caso de DORT (relacionado ao trabalho) a culpa pode ser sua, do empregador ou de ambos. Tudo dependerá o quanto de treinamento e suporte físico e técnico a empresa lhe forneceu. Se ela tiver lhe dado tudo que as Normas sugerem a culpa tenderá a ser sua.
Se essas obrigações não forem cumpridas total ou parcialmente a culpa certamente é da empresa. Para identificar quem é o responsável é de fundamental importância um levantamento detalhado e científico da origem da doença. Esse fato importantíssimo normalmente é relegado a segundo plano por ambas as partes, às vezes por desconhecimento e às vezes por interesse. Sem esse levantamento, não há culpados, claramente e certamente uma das partes será injustiçada.
A Empresa é responsável por prover (e fazer cumprir) todas as condições físicas, técnicas e regimentares, para garantir a execução das tarefas pelos funcionários, de forma absolutamente sem risco da ocorrência de acidentes ou doenças. Sob risco de ser responsabilizado civil e criminalmente por negligência ou omissão. Aos funcionários cabe acatar e cumprir as regras de segurança e saúde, conforme treinamento fornecido pela empresa sob, pena inclusive de demissão por justa causa.
FONTE DE REFERÊNCIA
MSSB – MANUAL DE SEGURANÇA NO SERVIÇO DE BOMBEIROS
Direitos Autorais: Corpo de Bombeiros Militar do Estado de São Paulo