Os bombeiros devem dispensar atenção especial aos aparelhos de proteção respiratória. Isto porque os pulmões e as vias respiratórias são...
Os bombeiros devem dispensar atenção especial aos aparelhos de proteção respiratória. Isto porque os pulmões e as vias respiratórias são mais vulneráveis às agressões ambientais do que qualquer outra área do corpo. É regra fundamental que ninguém, no combate a incêndio, entre em uma edificação saturada de fumaça, temperaturas elevadas e gases, sem estar com equipamento de proteção respiratória. A não utilização deste equipamento pode não só causar fracasso das operações como também trazer consequências sérias, inclusive a morte.
Riscos
É fundamental identificar os quatro riscos mais comuns encontrados em incêndios:
- falta de oxigênio;
- temperaturas elevadas
- fumaça;
- gases tóxicos.
Riscos à respiração observados em ocorrências de incêndio.
Falta de Oxigênio
O processo de combustão consome oxigênio (O2) e, ao mesmo tempo, produz gases tóxicos. Estes gases ocupam o lugar do O2 ou diminuem sua concentração. Quando as concentrações de O2 estão abaixo de 18%, o corpo humano reage com aumento da frequência respiratória, como se estivesse sendo submetido a um esforço físico maior. A tabela mostra os sintomas causados pela deficiência de O2, considerando diferentes porcentagens de O2 no ar.
Efeitos fisiológicos causados pela redução de O2.
Temperaturas Elevadas
A exposição ao ar aquecido pode causar danos ao aparelho respiratório. Quando as temperaturas excedem 60ºC, pode-se considerar que o calor é excessivo, e quando o ar preenche rapidamente os pulmões pode causar baixa da pressão sanguínea e danos ao sistema circulatório. Um dos riscos é o edema pulmonar, que pode causar morte por asfixia. O fato de se respirar ar puro e fresco, logo depois, não torna o dano reversível de imediato.
Fumaça
A fumaça é constituída principalmente por partículas de carbono (C, CO e CO2) em suspensão. O tamanho das partículas é que determina a quantidade que, quando inalada, irá penetrar nos pulmões.
Gases Tóxicos
O bombeiro deve se lembrar de que um incêndio significa exposição a substâncias tóxicas e irritantes. No entanto, ele não pode prever, antecipadamente, quais serão essas substâncias. A inalação da combinação de substâncias, sejam tóxicas ou irritantes, pode ter efeitos mais graves do que quando inaladas separadamente.
A inalação de gases tóxicos pode determinar vários efeitos no corpo humano. Alguns dos gases causam danos diretamente aos tecidos dos pulmões e perda de suas funções. Outros gases não têm efeito direto nos pulmões, mas quando entram na corrente sanguínea, inibem a capacidade dos glóbulos vermelhos transportarem O2.
Os gases tóxicos em incêndio variam de acordo com quatro fatores:
- Natureza do combustível
- Taxa de aquecimento
- Temperatura dos gases envolvidos
- Concentração de oxigênio.
Monóxido de Carbono (CO)
O monóxido de carbono destaca-se entre os gases tóxicos. A maioria das mortes em incêndios ocorre por causa do monóxido de carbono (CO). Este gás sem cor e sem odor está presente em todo incêndio e a queima incompleta é responsável pela formação de grande quantidade de CO. Como regra, pode-se entender que fumaça escura significa altos níveis de CO.
A hemoglobina existente no sangue é responsável pela troca gasosa. O monóxido de carbono (CO) combina-se com a hemoglobina de forma irreversível, inutilizando-a. Quando grande parte da hemoglobina do sangue se combina com o CO, pode-se morrer por falta de oxigênio.
Num ambiente, a concentração de 0,05% de monóxido de carbono no ar já é perigosa. Ainda que a concentração de CO no ambiente seja maior que 1%, não ocorrem sinais que permitam a fuga do local em tempo hábil.
Em baixos níveis de concentração de CO, ocorrem dor de cabeça e tontura, antes da incapacitação (que são avisos antecipados). A tabela mostra os efeitos tóxicos de diferentes níveis de monóxido de carbono no ar. Não são medidas absolutas, porque não mostram as variações da frequência ou do tempo de exposição.
Efeitos tóxicos do monóxido de carbono (CO).
Além do CO existem outros gases tóxicos e asfixiantes que causam efeitos prejudiciais à saúde do homem. Exemplo:
- Cloreto de hidrogênio (HCl);
- Cianeto de hidrogênio (HCN;)
- Dióxido de carbono (CO2);
- Óxido de nitrogênio (NO);
- Fosgênio (COCl2).
Atmosferas Tóxicas não Associadas ao Fogo
As indústrias utilizam diversas substâncias químicas, tais como amônia, cloro, gás carbônico, etc., que podem vazar, formando uma atmosfera tóxica, sem existir contudo a presença de fogo ou de suas consequências.
FONTE DE REFERÊNCIA
MF – MANUAL DE FUNDAMENTOS
Direitos Autorais: Corpo de Bombeiros Militar do Estado de São Paulo